quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ATITUDE - Gênios Analfabetos

Tecnicamente podemos considerar analfabeto, o cidadão que chega a fase adulta sem ter freqüentado a escola por pelo menos 4 anos. Seria possível com tão pouca vivência escolar, um individuo ser capaz de produzir obras artísticas dignas de apreciação acadêmica e intelectual?

A resposta é: SIM... Conheça exemplos de brasileiros que se destacaram na literatura, música e artes plásticas sem precisar ter conquistado nenhum diploma.

Antonio Gonçalves da Silva, mas conhecido como Patativa do Assaré, nasceu e morreu em Assaré, cidade cearense que daria origem ao seu apelido (05/03/1909 á 08/07/2002 – 93 anos) freqüentou a escola por alguns meses apenas, ficou cego de um olho ainda jovem, devido a uma doença e se dedicou ao trabalho rural logo após perder seu pai aos 9 anos.


Começou se destacar no cenário da música regional fazendo repentes em festas e ocasiões especiais, por volta de seus 20 anos de idade começa a responder pelo pseudônimo de Patativa, pois seu canto era comparado ao belo canto dessa ave, sua obra é reverenciada e sua poesia é presença garantida em qualquer evento que retrate a vida sertaneja e a riqueza do Nordeste.


“Não tenho sabença,

pois nunca estudei,

apenas eu sei

o meu nome assiná.

Meu pai, coitadinho,

vivia sem cobre

e o fio do pobre

não pode estudá”

Á exemplo de Patativa, José Francisco Borges começou a trabalhar na roça muito cedo, e também passou poucos meses na escola, meses suficientes para transformar J. Borges (20/12/1935), um pernambucano de Bezerros (90 km de Recife) numa referência mundial na arte de cordéis, livros que ilustram o cotidiano sertanejo de forma lúdica e divertida, além de criar as histórias J. Borges utilizava a xilogravura como forma de ilustração, dando uma identidade incomparável a sua obra que é considerada e aclamada como elemento da pop art mundial.

Esse dispensa apresentação, Luiz “Lua” Gonzaga cidadão nascido em Exu, Pernambuco (13/12/1912 á 02/08/1998) foi considerado o rei do baião é indiscutivelmente o ícone máximo da cultura e música nordestina, embora Lua fosse um cidadão itinerante, também não teve oportunidade de freqüentar a escola, mas isso não impediu que seu talento e carisma falassem mais alto e o torna-se um astro da música brasileira popularizando o xote, baião e o forró como ritmos universais.


ASA BRANCA

Quando oiei a terra ardendo
com a fogueira de São João
Eu perguntei, a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para mim vorta pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

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